Meia vence duelo com Montillo e participa dos gols da vitória por 2 a 1, levando time à vice-liderança. Joel Santana perde seus 100% de aproveitamento
Vários aspectos no futebol fazem a diferença: a tática, a parte física, a técnica, a atitude. Porém, há um quinto fator que andava ausente na cartilha do ex-técnico do São Paulo, Paulo César Carpegiani: a lógica. Sem seu principal jogador, Lucas, que está na Seleção Brasileira que disputa a Copa América, o gaúcho manteve Rivaldo no banco de reservas, apesar da falta de criatividade do time nas três derrotas consecutivas.
Carpegiani caiu, Milton Cruz assumiu interinamente e, em seu primeiro ato, recolocou o camisa 10 como titular, o que não acontecia desde 17 de abril. Resultado: com a ajuda de um time que voltou a lutar demais, o veterano fez a diferença. Assumiu a responsabilidade, distribuiu o jogo e foi o destaque da justa vitória do Tricolor diante de um apagado Cruzeiro por 2 a 1, na fria noite deste sábado, no estádio do Morumbi.
Enquanto o Cruzeiro apostou as suas fichas em Montillo, que foi vigiado por até três jogadores em alguns lances, o São Paulo viu suas principais peças voltarem a crescer. Marlos se destacou, Dagoberto voltou a marcar após 48 dias, e o time, que via ameaçado seu lugar no G-4, vai dormir o sábado na vice-liderança, com 18 pontos, um a menos do que o Corinthians, que neste domingo pega o Atlético-GO. Já os mineiros, que sob o comando de Joel Santana vinham de três vitórias consecutivas, estacionaram na oitava colocação, com cinco pontos a menos.
As duas equipes voltarão a campo no próximo fim de semana, pela décima rodada. O São Paulo irá até Porto Alegre enfrentar o Internacional. Já o Cruzeiro buscará a reabilitação diante do Bahia, em Sete Lagoas. Os dois jogos serão no domingo.
Cruzeiro começa melhor, São Paulo marca, e juiz não marca pênalti
Os times entraram em campo com a mesma postura: três volantes e uma peça de criação no meio-campo. No São Paulo, com a mudança no comando da comissão técnica, Rivaldo figurou como titular, para alegria da torcida presente no Morumbi. Milton Cruz sacou Fernandinho e adiantou Marlos para o ataque, para atuar ao lado de Dagoberto. Além da igualdade tática, quando a bola rolou, São Paulo e Cruzeiro iniciaram jogando da mesma maneira: forçando pelo lado direito de seus ataques. Os mineiros exploravam o setor de Juan, que subia ao ataque e não tinha cobertura na defesa. Do lado tricolor, era Marlos que aproveitava as brechas deixadas pelo improvisado Everton, que é meia de origem, mas foi escalado por Joel Santana como lateral.
Percebendo o problema que havia na defesa, Milton Cruz pediu a Rodrigo Souto para que atuasse mais pela esquerda para ajudar Juan. Isso não só fez diminuir a brecha para os mineiros atacarem, como fez o São Paulo passar a ter o controle da partida. Rivaldo, quando estava com a bola nos pés, fazia o time andar, principalmente porque tinha a companhia de Casemiro, as constantes movimentações de Dagoberto e Marlos na frente e o apoio de Juan pela esquerda. Aos 20 minutos, em um desses lances, saiu o gol são-paulino, com Dagoberto, após bela tabela entre Rivaldo e Marlos. Festa no Morumbi: 1 a 0.
O Cruzeiro seguiu em busca do empate, mas só tinha alguma inspiração quando Montillo pegava na bola. O problema era que o camisa 10 mineiro era vigiado por, no mínimo, dois jogadores. No mais, Thiago Ribeiro até buscava o jogo, mas faltava qualidade no passe. E os volantes Marquinhos Paraná e Fabrício, diferentemente dos do São Paulo, pouco chegavam ao ataque.
O destaque negativo no frio Morumbi foi o juiz Marcelo de Lima Henrique. Aos 26, ele exagerou ao dar cartão para Dagoberto, que fez falta normal em Montillo. Pior, advertiu o camisa 10 do Cruzeiro, que nada fez. Aos 32, Juan foi atropelado por Marquinhos Paraná em contra-ataque, e o cruzeirense não foi advertido. Para completar, aos 38, ele não viu pênalti claro de Vítor em Dagoberto, que só não marcou porque teve sua camisa puxada dentro da área.
Segundo tempo eletrizante no Morumbi
Os dois times voltaram do intervalo sem alterações. E o São Paulo, em seu primeiro ataque, aumentou a vantagem. Novamente, a inspiração saiu dos pés de Rivaldo, que se livrou da marcação pelo meio e deu assistência perfeita para Marlos, que não perdoou: 2 a 0. Irritado, Joel Santana resolveu mexer na equipe, sacando Vítor e colocando Roger para ajudar Montillo na armação. No entanto, a tentativa não surtiu o efeito desejado.
Melhor em campo, o São Paulo mudou sua postura, recuando a marcação para tentar matar o jogo no contra-ataque. Juan, em chute cruzado, quase fez o terceiro. Os mineiros ganharam terreno, mas seguiram sem levar perigo ao gol defendido por Rogério Ceni. Foi então que o treinador cruzeirense fez sua segunda alteração, tirando Thiago Ribeiro para colocar Ortigoza. Em seu primeiro ataque, o paraguaio avançou pela direita e cruzou para Wallyson, que, cara a cara com Rogério Ceni, marcou o seu primeiro gol no Campeonato Brasileiro: 2 a 1.
Foi a vez de o interino Milton Cruz agir, sacando Dagoberto, que sentiu o tornozelo, para colocar Fernandinho. Joel Santana partiu para sua última cartada, com Brandão na vaga de Wallyson. Para dar mais pegada ao meio-campo, o técnico tricolor na sequência colocou Zé Vitor no lugar de Casemiro. O Cruzeiro tentou de tudo, mas o São Paulo conseguiu segurar a pressão. Já nos acréscimos, até para ser ovacionado pela torcida, Milton Cruz sacou Rivaldo e colocou Dener, mais um das catagorias de base de Cotia. Depois, foi só esperar o tempo passar e comemorar a justa vitória, que afasta pelo menos momentaneamente a nuvem negra que havia se instalado no Morumbi.
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