Zagueira faz gol contra, perde pênalti com defesa da goleira sensação do Mundial, e Brasil, que vencia na prorrogação, perde para os EUA outra vez
Nem só de beleza vive Hope Solo. A musa da Copa do Mundo Feminina de Futebol já havia avisado que seu foco era a vitória contra o Brasil e não os elogios de todo o mundo por seus belos olhos verdes, mas sim pelo talento em campo. E foi isso que ela mostrou no confronto com o Brasil, nas quartas-de-final deste domingo. Com grande atuação durante os 120 minutos de jogo, a camisa 1 salvou os EUA de uma derrota que parecia certa, pegou pênalti de Daiane e garantiu as americanas na semifinal com vitória por 5 a 3 nas cobranças de penalidades após empate em 2 a 2 no tempo normal.
Se para Solo o dia foi de pura felicidade, para a zagueira Daiane, e toda a Seleção Brasileira Feminina de Futebol, será difícil este dia 10 de julho de 2011 por causa da frustração. Pela terceira vez em quatro jogos no Mundial, o Brasil perdeu para os Estados Unidos, carrasco também das duas últimas decisões de Jogos Olímpicos. E perdeu de forma inacreditável. Tinha uma jogadora a mais e vencia por 2 a 1 até os acréscimos do segundo tempo da prorrogação. Para Daiane, especialmente, fica um gosto ainda mais amargo. Ela não só perdeu o pênalti decisivo, como também já tinha marcado um gol contra logo no primeiro minuto de jogo, dificultando bastante as coisas para o Brasil.
Os Estados Unidos, agora, fazem a primeira semifinal do Mundial contra a França, na cidade de Mönchengladbach, na próxima quarta-feira, às 13h (de Brasília). O Brasil volta para a casa. Na outra chave, a Suécia, que venceu a Austrália, pega o Japão, que desbancou a dona da casa Alemanha. As americanas são as únicas entre as semifinalistas que já venceram um título da Copa do Mundo e podem repetir o feito no Mundial da Alemanha.
Ducha de água fria no primeiro minuto
Um minuto de jogo: gol dos Estados Unidos. Não deu nem para aquecer, nem para respirar, nada. Mal entrou em campo a Seleção Brasileira já foi surpreendida por um tento norte-americano. Foi o primeiro que o Brasil sofreu no Mundial e, curiosamente, saiu dos pés de uma própria brasileira. A zagueira Daiane foi cortar cruzamento rasteiro de Shannon Boxx, mas o chute saiu mascado e na direção errada, enganando a goleira Andreia e dando uma ducha de água fria na equipe canarinho.
O Brasil sentiu o golpe, mas foi se recuperando aos poucos. Aos 22, quase o empate: Aline subiu bonito no meio da zaga americana, após cobrança de escanteio, e cabeceou forte. A bola foi na rede, porém, pelo lado de fora, na chance mais clara da seleção na primeira etapa. Os EUA, por sua vez, tocavam a bola e, sempre comandados por Boxx, saíam com muita velocidade, mas sem criar muitas oportunidades, exceto pelo chute de fora da área da própria camisa 10 aos 30 minutos.
Aos 37, meio sem querer até, Fabiana puxou contra-ataque pela direita e cruzou para a área, mas a bola pegou um efeito estranho e surpreendeu a goleira Solo, batendo no travessão. O placar, no entanto, seguiu com vantagem dos Estados Unidos até o final da primeira etapa, para irritação de Marta, que saiu de campo reclamando bastante.
Pênalti polêmico, expulsão e empate do Brasil
Quando o segundo tempo começou, o Brasil parecia motivado para virar o jogo, mas sem encontrar espaços no meio da forte marcação americana para criar as chances de gol. Então, teve que entrar em campo o talento individual da dupla Marta e Cristiane. Aos 15 minutos, Cris arrancou pelo lado direito, deu um corte seco na zagueira adversária e chutou forte, mas a musa do Mundial Hope Solo salvou com uma bela ponte. Os EUA não ficaram atrás e, no contra-ataque, por pouco não ampliaram com Lloyd, de cabeça.
Pouco depois, enfim, gol brasileiro, aos 19 minutos. Foi suado, é verdade. Mas saiu. Marta recebeu lançamento longo pela esquerda, deu um balão em duas adversárias ao mesmo tempo, mas foi derrubada por Buehler dentro da área: pênalti assinalado pela árbitra Jacqui Melksham e cartão vermelho para a zagueira. Expectativa, Cristiane na cobrança e... Solo defendeu no canto esquerdo até com certa facilidade.
Mas a auxiliar levantou a bandeira e mandou voltar a cobrança: houve invasão da defesa dos EUA na área. Marta, craque e capitão do time, além de cinco vezes melhor jogadora do mundo, então, chamou a responsabilidade, colocou a bola debaixo do braço e bateu forte, agora no canto direito, sem chances para Solo. O jogo, enfim, estava empatado, e o Brasil ainda tinha uma jogadora a mais.
No entanto, a vantagem numérica não ajudou o Brasil. Pelo contrário. Os Estados Unidos até jogaram melhor nos minutos finais, enquanto as brasileiras, parecendo nervosas, tentavam chegar ao ataque sempre na base dos passes longos, ao invés de utilizarem as tradicionais tabelas e jogadas individuais, e por isso, o placar seguiu em 1 a 1, levando o jogo para a prorrogação.
Gol relâmpago brasileiro e castigo no final
Se o Brasil levou um gol no primeiro minuto do primeiro tempo, a Seleção deu o troco nos Estados Unidos assim que a bola rolou na primeira etapa da prorrogação. E foi de novo com ela, Marta. A melhor jogadora do mundo apareceu livre na área após cruzamento da ponta esquerda e com um toque que misturou categoria e sorte, encobriu Solo. Antes de entrar, a bola ainda tocou caprichosamente na trave. Brasil 2 a 1.
As americanas não se abateram e foram para cima com tudo, precisando empatar. A pressão quase deu resultado em chute forte de Wambach, aos sete, mas Andreia fez grande defesa. Aos 10 minutos, quase mais um lance genial de Marta. A camisa 10 brasileira cobrou escanteio com muito efeito e por pouco não marcou um gol olímpico, mas Solo fez a defesa.
No segundo tempo da prorrogação, era tudo ou nada para os Estados Unidos, com uma jogadora a menos, tendo que ir para o ataque e abrindo espaço para o ataque brasileiro. Para o Brasil, restava aguentar mais 15 minutos para manter os 100% de aproveitamento na competição e garantir vaga em mais uma semifinal de Mundial.
O que parecia mais improvável, no entanto, aconteceu. Mesmo com uma a menos, mesmo atrás no placar, os Estados Unidos conseguiram um empate incrível, aos 16 minutos da etapa final da prorrogação. Ou seja, com um minuto de acréscimo no tempo extra. Wambach viu um espaço grande na área e correu para receber, livre, no meio das brasileiras, para cabecear na saída de Andreia: 2 a 2. Mais uma ducha de água fria no Brasil e o jogo foi para os pênaltis.
Daiane erra de novo, Solo brilha e Brasil está eliminado
Na primeira cobrança, Estados Unidos. Boxx bateu alto, e Andreia fez grande defesa, mas se adiantou demais e a cobrança foi repetida. Dessa vez, ela não perdoou. Cristiane bateu o primeiro para o Brasil, rasteiro, sem chances para Solo: 1 a 1. Lloyd então foi para a segunda cobrança, forte, no canto, e recolocou os EUA em vantagem. Mas Marta empatou novamente.
Na terceira rodada, Wambach fez o seu para as americanas, mas Daiane, que já tinha sido vilã ao marcar o gol contra no primeiro tempo, desperdiçou o terceiro do Brasil - em grande defesa de Solo, que mudou o canto para o qual pulou em relação aos outros dois pênaltis. Vantagem para os Estados Unidos em 3 a 2. Na quarta cobrança, Rapinoe ampliou para 4 a 2. Francielle ainda diminuiu, mas Krieger convertou o quinto pênalti e deu a vitória aos EUA: 5 a 3.
Vibração americana: Estados Unidos estão na semifinal da Copa do Mundo (Foto: Agência Reuters)
Segue o trauma brasileiro diante dos Estados Unidos, carrasco do Brasil nas últimas duas Olimpíadas e que, novamente, manda a Seleção para casa, acabando com o sonho do inédito título mundial.
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